segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Ricardo - O Salvador das Praças

As praças servem para embelezar as cidades, com suas flores e jardins, contar parte de sua história, homenagear homens ilustres da terra, refrescar as cidades com suas árvores, escoar as águas das chuvas, servindo como drenos (por isso as casas são obrigadas a deixarem áreas permeáveis em seus terrenos). Além desse papel intrínsecamente urbano, elas serviam à sociedade como ponto de encontros, principalmente nos finais de semana, onde a sociedade local se reunia para a paquera e conversas sociais. Elas tinham no centro uma edificação chamada de coreto onde uma banda de música tocava para os presentes.

Com o passar do tempo, a sociedade muda seus hábitos e costumes. Isto é natural e faz parte da evolução social. Coisas que antes tinham certas utilidades passam a não mais tê-las ou modificar o seu uso. Hoje, as praças não são mais usadas pelos jovens como ponto de encontro para a paquera, as senhoras não se reunem mais para as conversas sociais, os homens não se reunem mais para as discursões políticas e esportivas. Aquelas praças que dão condições para a prática da caminhada, por serem amplas e com uma boa calçada, ainda são usadas pela sociedade local, mas fora isso, o que se vê nas praças são desocupados sentados a espreita de um descuido ou de algum “cliente”, seja do sexo ou de alguma substância proibida.

Pergunto: Como estão as praças no centro da nossa cidade? A praça Don Adauto é um tapete de pedras esquentando mais ainda a cidade. Alí poderíamos ter mais verde, o mesmo acontecendo com a Praça João Pessoa. E o abandono da Praça da Independência? E o Parque Solon de Lucena, o nosso cartão postal, a quantas anda?

A Lei obriga ao proprietário do loteamento a deixar área(s) reservada(s) para praça(s), no entanto, o poder executivo local não faz a sua parte, deixando ali um imenso espaço vazio enfeiando o bairro, servindo apenas para os mais "sabidos" instalarem nesses locais seus botecos ou seus pequenos negócios. Esses invasores, além de não cuidarem dessas áreas comuns, ajudam a deteriorá-las, quando não são vendidas pela própria prefeitura, posteriormente, a construtores, perdendo com isso o proprietário do loteamento que deixou de vender aquele pedaço de chão e a sociedade que não tem os benefícios urbanos descritos acima.

No lugar de se tirar os camelôs das ruas do centro, o correto seria interditar parte do centro para os veículos automotores, restaurar as praças e as calçadas dessas áreas. Com essa ampliação, poderia padronizar as barracas daqueles pequenos comerciantes que defendem o pão da sua família e estão fora da marginalidade, mal que vem crescendo nas cidades. Estes pequenos comerciantes são vítimas de um modelo econômico cruel que fabrica, em escala, o desemprego, e não os cidadãos de João Pessoa privado de andar pelas ruas do centro. Cabe ao administrador ser criativo e resolver o problema de todos os envolvidos.

Senhor Prefeito, assim como o Presidente, o senhor cada vez mais se distancia do seu discurso, que o fez “O Salvador”. Lembro a Vossa Excelência que quando um político perde o seu discurso, seu destino será o exemplo do fracasso.

A demagogia enquadrada e em forma de quadrados, é um engodo que vem dando certo. Jornalistas vêm rasgando elogios a estes feitos, como se nossa cidade tivesse belos jardins, monumentos bem cuidados, baheiros públicos à vontade, ruas bem sinalizadas, limpas e bem conservadas. Tudo está perfeito, só faltava salvar as praças!